segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

O Desportista de Alto Rendimento

Antes de mais, é oportuno fazer uma breve e simples referência à fisiologia do exercício, para que se compreenda aonde o músculo vai “buscar” energia para a realização de trabalho.
Para a obtenção de energia, o músculo recorre a três sistemas metabólicos: transformação de fosfato de creatina em creatina + PO3, onde se formam 4 moles de ATP/min num tempo de exercício médio entre 8 a 10 segundos; transformação de glicogénio em ácido láctico, gerando-se 2,5 moles de ATP/min num tempo médio de 1,3 a 1,6 minutos; e produção de 1 mol de ATP/min a partir da oxidação de glicose, ácidos gordos e ácidos aminados, num tempo variável. Os dois mecanismos iniciais são anaeróbios, sendo este último um mecanismo aeróbio. A taxa de utilização destes diferentes substratos depende de factores como a intensidade e duração do exercício, a alimentação e o estado nutricional do indivíduo, da forma do atleta (nível de treino) e do seu sexo.



Um desportista é um indivíduo que explora as potencialidades do seu organismo de forma acentuada, dependendo a “violência” com que usa (e às vezes abusa) do seu corpo das exigências das diferentes modalidades competitivas. Existem desportos que exigem custos energéticos muito altos, como o ciclismo, onde um atleta chega a gastar mais de 1000 kcal por hora e outros desportos não tão exigentes a este nível, como o golfe, onde se consome em média 4,5 kcal/kg/hora. Além deste aspecto, em diferentes modalidades os momentos competitivos também variam muito. Por exemplo, em campeonatos de selecções no futebol normalmente jogam-se 2 encontros por semana, enquanto que no andebol podem se jogar 3 encontros num espaço de apenas 4 dias.
Por estas razões a nutrição do atleta tem que ser encarada da forma em que cada caso é um caso, até porque factores como a idade, o sexo, o clima, o tipo de esforço, a cultura e gostos e a nação \ região do desportista têm uma influencia determinante na sua relação e reacção à alimentação.
O regime de um desportista terá como base uma alimentação saudável, mas existem quatro pontos de acção específicos e fundamentais que irão contribuir para melhorar o estado nutricional do atleta com vista a aperfeiçoar a sua performance: - Maiores necessidades energéticas; -Maximização das reservas de glicogénio (HC); -Especial importância da hidratação; -Particularidades das refeições pré, intra e pós-competição.
De facto, a nutrição desportiva pode contribuir para uma performance ideal desde que conjugada com muitos outros factores. Apesar de um programa alimentar não transformar um atleta de craveira média num atleta olímpico, ou numa grande estrela, um plano alimentar desadequado e mal estruturado pode prejudicar os resultados pretendidos.

Samuel Amorim, Rui Gomes, Tiago Dias

Sem comentários: