quarta-feira, 14 de março de 2007

"Quero ser como ele!!!"

Actualmente, as empresas responsáveis pela publicidade de algumas marcas de géneros alimentícios recorrem frequentemente ao uso de celebridades desportistas nos seus spots publicitários. Esta prática aproveita a popularidade de alguns desportos (fundamentalmente futebol e basketball) e a fama de alguns dos seus intervenientes. Deste modo, conseguem induzir uma associação entre essas mesmas marcas e saúde/ bom aspecto físico tão característicos dos atletas.
As crianças compõem a faixa etária que mais facilidade idolatra individualidades e imita o seu comportamento. A notoriedade dos desportistas tem maior impacto ao nível das crianças (componente afectiva), pelo que esta estratégia se pode considerar marketing infantil. Assim, os géneros alimentícios que se servem mais frequentemente desta ferramenta são os refrigerantes, pastilhas elásticas, batatas fritas de pacote, fast food, chocolates…alimentos maioritariamente consumidos por crianças ou adolescentes.


Alguns exemplos:
· Jardel fazia publicidade ao guaraná. Quando marcava um golo levantava a camisola do clube e mostrava outra por baixo que tinha o nome da marca;
· Roberto Carlos, Quaresma, Beckham entre outros jogadores de futebol participaram em spots publicitários da Pepsi;
· Moreira, Postiga e Tiago participaram em spots publicitários da Sumol;
· Ronaldinho participou em spots publicitários da Trident e Lays;
· Nuno Gomes participou em spots publicitários da Macdonalds;
· Deco cedeu a sua imagem aos cartazes dos gelados da Nestlé e à cadeia de restauração Vitaminas;
· Simão Sabrosa e Paulo Ferreira participaram em spots publicitários da Kinder;
· Ticha Penicheiro participa em spots publicitários da Kinder (kinder bueno), ainda em exibição nos espaços comerciais nas televisões.
Obviamente, a associação de alimentos cujo valor nutricional é reduzido a um bom estado de saúde é prejudicial no que diz respeito à saúde pública. Contudo, qual a solução para acabar com este tipo de associações? Recorrer a legislação que restrinja este tipo de pratica a alimentos considerados saudáveis é possível? Ou apenas podemos simplesmente esperar eternamente que as empresas se regulem pelos valores da ética? Quais as medidas que poderiam eventualmente ser tomadas no sentido de melhorar a situação actual?
A discussão fica em aberto…

2 comentários:

Pedro Graça disse...

Bem observado. O caso mais paradigmático é a associação Sagres - Selecção nacional. Já pensaram escrever algo sobre o assunto?

Ana Ribeiro disse...

No II simpósio português de obesidade pediátrica este foi um dos assuntos abordados. Um dos intervenientes referiu que no Reino Unido só era permitido o uso de figuras públiccas, desenhos animados,..., para publicitar alimentos saudáveis. Mas que as empresas contornavam a lei criando figuras, como por ex. a mãe do Pato Donald, que facilmente eram associadas a algo que todos conhecem.